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A abordagem da racionalização organizacional apresentava os níveis inferiores de uma empresa como componentes de uma “máquina”, a organização. Assim, a quebra do processo produtivo em etapas era fundamental e um destaque disso foi o desenvolvimento da linha de produção conforme proposta por Ford. A abordagem de racionalização da tarefa e do cargo proposta pela administração científica consolidou a alienação do trabalhador frente à produção pela perda do conhecimento geral, o que proporcionou às organizações controlar a produção, seu ritmo e aspectos, fatores fundamentais para a expansão produtiva característica do período.

 

As organizações cresceram estruturalmente pela extrema divisão do trabalho, tanto em termos internos, como com Henry Ford e sua fábrica de automóveis, ou por meio da constituição de corporações, via agregação de empresas especialistas em partes dos produtos desse conjunto de organizações. Este último modelo empresarial apresentava como vantagem uma maior flexibilidade na variação da produção, um dos fatores fundamentais para o crescimento de organizações como a General Motors.

 

As rotinas de trabalho dentro das organizações, com a extrema padronização e divisão dos processos, tinham os empregados como verdadeiras “peças” dentro dessa engrenagem que compunha a produção. Esse modelo permitia uma elevada capacidade de substituição de mão-de-obra e as empresas detinham o conhecimento produtivo, o que permitiu uma capacidade extrema de controle sobre os trabalhadores. O controle do trabalho ocorre sob a ótica de interpretação do homem como um elemento movido principalmente por  interesse econômico. Beynon (1995) aborda a situação extrema do controle organizacional sobre operariado no qual a interferência da visão do perfil ideal de mão-de-obra ultrapassa os limites da empresa, chegando a controlar toda a vida do empregado. Naquele momento, a garantia da manutenção do emprego e de sua remuneração dependia principalmente do desempenho na produção e do enquadramento do empregado no  perfil de vida delimitado pela organização. Essa situação foi um dos fatores que contribuiu  para o crescimento dos sindicatos.

 

Se a abordagem  de organização do trabalho baseada na racionalização da tarefa e do cargo  pode ser considerada responsável por parte significativa do aumento de produtividade da indústria  na primeira metade do século  XX , o que é fortemente positivo , na perspectiva econômica ,  por outro lado  é necessário discutir os graves impactos  sociais  da sua aplicação. Essa discussão deve permitir a identificação e a análise dos impactos dos modelos de organização do trabalho sobre a integridade física e psicológica dos trabalhadores e sobre suas famílias , em um primeiro momento mas, em  um segundo momento, é preciso incorporar a identificação e a análise  dos  reflexos para toda a sociedade, particularmente sobre a estrutura de previdência social que passa a carregar o custo de manter  um exército de trabalhadores  precocemente aposentados  como resultado de acidentes de trabalho ou do acometimento por  doenças  relacionadas ao trabalho. Isso sem falar das famílias  desestruturadas por óbitos causados por acidentes de trabalho ou pelo agravamento de doenças  relacionadas ao trabalho.Nesse sentido os modelos de  organização do trabalho  devem ser entendidos  como um dos objetos centrais das Relações de Trabalho, entendidas não apenas como um campo de conhecimento , mas principalmente como um campo de prática social , de vivência e de embate entre os atores sociais.  Embate que  exige mediação de outro ator social , o estado, na medida  em que sem essa mediação ,  os elementos mais frágeis dessa relação tem sido sistematicamente submetidos  à lógica de maximização dos resultados econômicos da organização em detrimento dos resultados humanos  e sociais.

 

Visando contribuir para introduzir essa discussão foram identificados  alguns documentários  realizados no Brasil que permitem estimular  uma reflexão inicial sobre a temática. 

 

O primeiro documentário selecionado se chama “Linha de desmontagem “ e foi  dirigido por André Constantin e Nivaldo Pereira.  Foi produzido pela  Transe Imagem , com apoio do Ministério Público do Trabalho , Caxias do Sul ; Ministério do Trabalho e Emprego , Caxias do Sul  e Sindicato  dos Trabalhadores  nas Industrias de Alimentação de Caxias do Sul.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O segundo documentário se chama “ A carne e o Osso “, foi dirigido  por  Flávio Cavechini  e Carlos Juliano  Barreto em 2011. Produzido pela  ONG  “Repórter Brasil”  e exibido no mesmo ano , no Festival  “É tudo verdade” realizado em São  Paulo , em abril de 2011.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O terceiro documentário selecionado se chama  “ O Trabalho  em frigoríficos ” e faz  parte de um projeto da Delegacia Regional do Trabalho de Santa Catarina, denominado justiça em movimento.    Produzido pela  Assessoria de  Comunicação Social - ASCOM  da Delegacia Regional do Trabalho esse episódio contou com o apoio  do  Sindicato dos Trabalhadores  na Alimentação de Criciúma  e Região, entre outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Impactos da Intensificação dos ritmos de Trabalho

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